sábado, fevereiro 20, 2010

Regras inatas de gramática encontradas em todas as línguas

Branda Fowler
The New York Times

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Em 1981, o lingüista Noam Chomsky, que já havia proposto que a língua não era aprendida, mas inata, fez uma alegação ainda mais ousada.
As gramáticas de todas as línguas, ele disse, podiam ser descritas por um conjunto de regras ou princípios universais, e as diferenças entre estas gramáticas se devem a um conjunto finito de opções que também são inatas.

Se a gramática fosse pão, então água e farinha seriam as regras universais; as opções -parâmetros, como Chomsky as chamou- seriam coisas como fermento, ovos, açúcar e temperos, capazes de produzir um produto substancialmente diferente quando acrescidos às regras universais. A teoria explicaria o motivo de as gramáticas variarem apenas dentro de uma margem estreita, apesar do tremendo número e diversidade de línguas.

Apesar da maioria dos lingüistas agora concordarem que a linguagem é inata, as idéias de Chomsky sobre princípios e parâmetros permanecem altamente controversas. Até mesmo seus simpatizantes não podem dizer que testaram sua teoria com casos realmente fortes, as línguas consideradas mais diferentes daquelas que os lingüistas geralmente conhecem bem.

Mas nos últimos vários anos, Mark Baker, lingüista da Universidade Rutgers cuja tese foi supervisionada por Chomsky, discerniu os parâmetros para um conjunto impressionantemente diverso de línguas, especialmente línguas indígenas americanas e africanas.
Em um novo livro, "The Atoms of Language: The Mind's Hidden Rules of Grammar" ("Os Átomos da Linguagem: as Regras de Gramática Ocultas na Mente", Basic Books, 2001), Baker estabelece uma hierarquia de parâmetros que as divide segundo sua capacidade de afetar e potencialmente anular uns aos outros.

Assim como a tabela periódica dos elementos ilustra as unidades distintas do mundo físico, a hierarquia de Baker traça um conjunto finito de fatores distintos que criam diferenças nas gramáticas.

O fato desses parâmetros poderem ser organizados de uma forma lógica e sistemática, diz Baker, sugere que possa haver uma teoria mais profunda por trás deles, e que a hierarquia pode até mesmo orientar a aquisição da linguagem nas crianças.

Hierarquia não é o mesmo que árvore genealógica de família, que ilustra as relações históricas entre as línguas -por exemplo, italiano, francês e espanhol e sua língua mãe, o latim. Também não está ligada com a forma como as palavras variam de língua para língua. Ao invés disso, Baker analisa a gramática -o conjunto de princípios que descrevem a ordem na qual as palavras e frases são agrupadas, tempos são acrescentados e perguntas formadas. Baker, como Chomsky, acredita que estas instruções são inatas nos cérebros humanos.

Sua descoberta mais espetacular é que as gramáticas do inglês e do mohawk, que parecem ser radicalmente diferentes, divergem apenas em um único parâmetro poderoso, cuja posição no topo da hierarquia cria uma enorme efeito.

A língua mohawk é polisintética: seus verbos podem ser longos e complicados, compostos de muitas partes diferentes. Ela pode expressar em uma palavra o que em inglês exigiria muitas palavras. Por exemplo, "Washakotya'tawitsherahetkvhta'se'" significa, "Ele fez a coisa que se usa no corpo feia para ela" -que significa, ele estragou, tornou feio, o vestido dela.

Naquela sentença, "hetkv" é a raiz do verbo "tornar feio". Muitos dos outros trechos são prefixos que especificam pronomes do sujeito e do objeto. Todo verbo inclui "cada um dos principais participantes no evento descrito pelo verbo", escreve Baker. Ao todo, a língua mohawk possui 58 prefixos, um para cada possível combinação de sujeito, objeto e objeto indireto.

Baker disse que o parâmetro de polisíntese é a diferença mais fundamental que as línguas apresentam, e separa a língua Mohawk e algumas poucas outras -por exemplo, o mayali, falado no norte da Austrália- de todas as demais. O fato destas duas línguas fisicamente distantes operarem da mesma forma é mais uma evidência da idéia de que as línguas não simplesmente evoluem de forma gradual ou sem restrições, disse Baker.

No estágio seguinte da hierarquia, dois parâmetros operam: "a polisíntese opcional" (na qual são possíveis prefixos polisintéticos, mas não são obrigatórios) e "direcionalidade", que dita se modificadores e outras palavras novas são acrescentados antes ou depois das frases existentes. Em inglês, novas palavras ficam à frente. Por exemplo, para fazer a frase preposicional "with her sister" (com sua irmã), a preposição vai antes do substantivo. No lakota, a língua sioux, vale o inverso. A sentença em inglês "I will put the book on the table" (eu colocarei o livro na mesa) ficaria assim em lakota: "I table the on book the put will" (eu mesa na livro o colocarei). Japonês, turco e groenlandês são outras línguas que optam por novas palavras no final das frases, enquanto o khmer e o galês são semelhantes ao inglês.

Ao todo, Baker e outros identificaram cerca de 14 parâmetros, e ele acredita que ainda existam mais 16.
O trabalho de Baker de forma alguma é universalmente aceito. Robert Van Valin, professor de lingüística da Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo, disse que as descobertas se baseiam em uma suposição questionável: de que há uma gramática universal.
"O que eles estão fazendo naquele programa é pegar estruturas semelhantes ao inglês e colocando palavras ou partes de palavras de outras línguas nestas estruturas, e então descobrindo que se parecem com inglês", disse ele.

Karin Michelson, professora associada de lingüística da Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo, que também discorda da abordagem chomskiana, disse após o trabalho mohawk de Baker que algumas sentenças que ele selecionou pareciam artificiais.

Baker reconheceu que algumas das palavras mais longas em seu estudo foram "cuidadosamente construídas", mas ele disse que o parâmetro ainda se sustentava empregando exemplos mais comuns de mohawk. Ele disse que utilizando exemplos de discurso real restringiria o tipo de análise que os lingüistas poderiam fazer.

"Seria como restringir um físico de estudar a gravidade sem permitir a construção de um tubo de vácuo", disse Baker.

Mas outros lingüistas dizem estar empolgados com o trabalho de Baker. "Ele é um lingüista muito influente, e meu palpite é que isto fomentará idéias e produzirá novas pesquisas ao longo dos próximos ano", diz Stephen Crain, professor de lingüística da Universidade de Maryland.

Se a teoria de Baker estiver correta, a próxima pergunta seria como os parâmetros de gramática são estabelecidos enquanto a criança aprende gramática. Uma criança em um ambiente de língua inglesa começa no topo da hierarquia, de alguma forma ciente de que a polisíntese não está funcionando, passando posteriormente para o próximo nível da hierarquia?

Baker também se pergunta, se a gramática é inata no cérebro, por que ele não especifica o conjunto de parâmetros? Baker especula que talvez a língua também seja uma ferramenta de criptografia - uma forma de ocultar informação dos concorrentes.
Neste caso, ele prossegue, "os parâmetros seriam procedimentos de embaralhamento".

Tradução: George El Khouri Andolfato

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Impressão em 3D

Chegou a vez das impressoras 3D, equipamentos que permitem a você imprimir praticamente qualquer coisa, de brinquedos e bonecos até partes de equipamentos industriais, tudo em apenas algumas horas.

O equipamento não é novidade para as grandes indústrias, que já o utilizam na fase de prototipagem há algum tempo, mas é para o consumidor final que está acontecendo uma revolução: se antes a maioria das impressoras girava em torno de trinta mil dólares, hoje algumas companhias já ofertam produtos na faixa dos cinco mil dólares, prevendo para daqui a algum tempo custos inferiores a dois mil dólares.

Um dos métodos de impressão em 3D, consiste na aplicação de jatos do material em pó por meio de um cartucho de impressão, que são unidos de forma seletiva por outro cartucho com conteúdo adesivo. Fica claro que cada uma delas possui suas próprias vantagens e problemas, cabendo a quem compra o equipamento definir as prioridades e necessidades, dentre questões como: custo dos materiais de impressão, maleabilidade, velocidade de impressão, capacidades (para um usuário ou vários compartilhados), qualidade e resolução (para impressão detalhada) e necessidade de cores.

Do ponto de vista da inteligência artificial, há ainda muito a ser estudado e desenvolvido para que nós possamos sequer chegar a um nível próximo ao mostrado nas telinhas, mas há outro aspecto da obra que está bem mais próximo.

Não há necessidade também de conhecimento técnico, mesmo na atual forma da tecnologia. O usuário precisa apenas seguir as instruções da colocação dos cartuchos ou do material, abrir um programa compatível (os arquivos mais frequentes têm sido os em formato CAD) e mandar para a impressora, exatamente como é feito para imagens e texto.

Seria necessário apenas rodar o scanner para capturar a imagem já pronta do pé e projetar a superfície baseada nas novas medidas.


Imagem de protótipo de palmilha retirada do Beyond Tomorrow


Rodas? Sem problemas


Impressora? Uma das mais baratas

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Computação Ótica

O laser poderá substituir os processadores atuais? Arte de 
Christine Daniloff.A 
aparência de fibras óticas, o maior avanço da computação fotônica.A 
fibra ótica é a maior conquista da computação fotônica por enquanto.

Pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) demonstraram o primeiro laser feito a partir de germânio, que pode definir novos rumos para a transmissão de dados através de chips de silício. Os novos materiais condutores que usam luz são menores e muito mais rápidos que transistores de silício — uma corrente elétrica atinge cerca de 10% da velocidade da luz. As pesquisas recentes unem o uso da luz com outras áreas da tecnologia.

O Germânio na tabela periódica.

Um dos principais benefícios da computação fotônica é a menor quantidade de calor.

A velocidade dos processadores aumenta, assim como o calor gerado. O
 laser de germânio pode ser rápido sem aquecer.

No momento, o laser de germânio do MIT opera em um ambiente com temperatura controlada e ainda consome uma quantidade alta de energia, que espera-se ser reduzida. O laser de germânio, portanto, pode ser o passo definitivo para o uso de luz em circuitos de computadores.

Os semicondutores são divididos em dois grupos: os com lacunas diretas na banda de Valencia e os com lacunas indiretas na banda de Valencia, como germânio e silício. Simplificando tudo, lasers feitos de semicondutores funcionam da seguinte maneira: adiciona-se energia a um elétron, que então pode atingir dois estados. No primeiro, ele libera energia como um fóton e gera o laser, enquanto no segundo ele a libera de outras maneiras, como calor. Um condutor com lacuna direta chama os elétrons com pouca energia e os transformam em luz, mas um condutor com lacuna indireta já precisa desses elétrons com muita energia.

Por isso, materiais com lacuna indireta, até agora, eram considerados incapazes de produzir laser. Porém, mais do que a demonstração do laser, os pesquisadores acabaram com esse conceito largamente difundido. Nesse caso, pesquisadores adicionaram fósforo ao germânio, o que permitiu que o germânio atingisse o estágio para emitir o laser. Silício e germânio têm propriedades térmicas diferentes, então o aquecimento do processo de fabricação modificou a estrutura da banda de Valencia, diminuindo essa diferença de energia. Com um condutor de diferença indireta de lacuna, essa energia não é suficiente para emitir o laser. Os pesquisadores do MIT completaram essa diferença com fósforo adicionado ao germânio. Os pesquisadores injetam pares de elétrons e buracos ao germânio.

Avatar é exibido em 4D

Avatar levou o cinema 3D a outro nível de popularidade, será que 
vai levar o 4D também.

O final do ano de 2009 foi marcado pela megaprodução cinematográfica Avatar, do diretor James Cameron. O filme marcou a história do cinema, bateu recordes e deve estipular novos padrões em termos de captura e projeção de imagens nos cinemas.

Na Coréia do Sul, a produção de James Cameron foi exibida em 4D, com direito a cheiro de explosivos, água e vento nos espectadores.

Mais uma dimensão.

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Resumidamente, o cinema 4D adiciona experiências sensoriais a um filme 3D, estimulando os cinco sentidos dos espectadores. Os efeitos podem incluem espirros de água, vento, bolhas, prendedores nas pernas, cheiros, iluminação com estrobos, cadeiras vibratórias — enfim, qualquer atrativo que enriqueça a experiência do público.

Em um filme sobre piratas, por exemplo, a cadeira pode balançar para simular um navio, e água e brisa simulam a força do mar e as condições do tempo. A exibição de Avatar em 4D na Coréia utilizou não menos que 30 efeitos durante os 162 minutos de filme, que incluiam cadeiras que balançavam, cheiros de explosivos, esguichos de água, laser e vento.

A quarta dimensão representa o tempo, ou a passagem do tempo em si. O físico teórico alemão Albert Einstein, por exemplo, contribuiu para os estudos da 4ª dimensão. Logo, cinema 4D é um nome de marketing, criado para continuar uma sequência crescente, de maneira parecida com os MP4, MP9, MP500 da vida. Por mais avançada que seja a tecnologia de Avatar, um filme que desafia os conceitos físicos sobre o tempo nesse nível não deve sair do papel.

Captain EO, um filme 3D exibido em parques da Disney nas décadas de 80 e 90, é considerado o primeiro filme 4D da história, porque aplicou efeitos como lasers e fumaça nas sessões. O filme voltará a ser exibido em 2010 no Magic Eye Theater, na Disney. Na cena, o carro emerge horizontalmente e entra em uma coleção de visões e sons em meio às estrelas.

Em 2009, foram exibidos 10 filmes com efeitos 4D no complexo coreano. No Brasil, a primeira sala 4D do Brasil foi inaugurada em 2009, no Alpen Park, em Canela, no Rio Grande do Sul. As simulações permitem a percepção do vento, respingos d’água e de contatos de objetos, por exemplo. Além disso, um sistema de som de última geração vai garantir alto nível de entretenimento e diversão”, anuncia o site oficial do parque.

TV SONY 3D

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Em sua emblemática loja Sony Style da cidade de Nova York, na semana passada, em uma sala cheia de blogueiros, imprensa local e pessoas curiosas sobre 3D, foi realizada uma demonstração completa dos novos Sony 3D HDTVs.

Neste momento as Lojas Sony Style são o único lugar onde você pode ver 3D demo da Sony. Nela a Sony mostra um jogo de futebol FIFA, e previews de PlayStation com jogos em 3D.

Display FED

Os FED são como os CRT, pois cada um dos pixels individuais é capaz de emitir luz. Isso possibilita a emissão de elétrons através da chamada emissão de campo, como o nome da tela já sugere. Através de um endereçamento em uma matriz X-Y ligada ao cátodo-frio, colocados em oposição a uma placa transparente do fósforo, os elétrons se aceleram até que cheguem à superfície do fósforo e o FED emite luz.

As televisões que utilizam a tecnologia FED apresentam sim, inúmeras vantagens. Foi possível perceber com as telas FEDs, por exemplo, que é possível obter espessuras até menores do que algumas televisões LCD. Infelizmente, segundo a empresa SONY, não há recursos financeiros suficientes para tamanho investimento de produção de telas FED.

Funcionamento de uma tela.

Display SED

Como as telas do tipo SED contam com mecanismos de iluminação individuais por pixels (e produzem luz diretamente à frente de suas superfícies), elas podem reproduzir perfeitamente as cores do sinal recebido, iluminando apenas os pontos necessários, na medida em que é preciso.

Para uma cena escura, por exemplo, você veria partes da tela realmente pretas, sem iluminação, ao contrário do tom de cinza exibido pela maior parte dos equipamentos vendidos atualmente.

Até meados do ano de 2007, Canon e Toshiba uniram forças para desenvolver e aprimorar os padrões e telas do tipo SED, mas foi justamente esta parceria que resultou no maior dos problemas para o desenvolvimento da tecnologia: uma ação na justiça contra a Canon, movida pela Applied Nanotech, empresa da qual algumas patentes foram licenciadas para uso.

No fim das contas, a Canon foi obrigada a comprar toda a parcela da Toshiba voltada ao desenvolvimento da tecnologia SED e a cessar o departamento de pesquisa e desenvolvimento da área.

A idéia inicial era competir diretamente com a tecnologia LCD, oferecendo a qualidade das telas CRT com a economia de energia e de espaço das demais, entretanto, depois de tantos atrasos (por causa da ação) e revisões nos processos de produção, boa parte do ânimo da indústria foi-se embora.

Protótipo de TV SED

Visão lateral do protótipo